Memorial comemorativo do 25 de abril inaugurado em Mafra
Nos últimos (muitos) anos, poucas iniciativas marcaram no concelho a comemoração desta data fundadora da democracia, limitando-se essas comemorações, a iniciativas esparsas e quase endógenas do PCP e do PS.
No ano em que se celebram os 50 anos do 25 de Abril, em Mafra, pela primeira vez, a câmara municipal associou-se formalmente à celebração da data fundadora do estado democrático.
Ontem à noite, um Memorial comemorativo do 25 de abril foi inaugurado no Largo Coronel Brito Gorjão, em Mafra, na presença de algumas dezenas de pessoas, onde pontuavam muitas caras conhecidas do PCP e do PS. De assinalar a presença em peso dos vereadores, da vice-presidente e do presidente da câmara, de vários presidentes de junta de freguesia, e em especial, a presença de José Bizarro, presidente da Assembleia Municipal.
Foi com alguma (muita) surpresa, estupefação mesmo, que ouvimos Hélder Silva, no seu discurso, utilizar expressões como “longa noite fascista” ao evocar os 188 “presos e perseguidos políticos do concelho de Mafra que na longa noite fascista resistiram e lutaram pela liberdade e pela democracia” durante “o regime que nos oprimiu durante 48 anos”, disse, na apresentação que fez da iniciativa.
O discurso da noite coube, no entanto, ao historiador Luís Farinha, que em representação da URAP (União de Resistentes Antifascistas Portugueses) deu o necessário contexto à cerimónia, fazendo a história dos anos da ditadura invocando os nomes daqueles que lhe resistiram.
Dos resistentes com ligações ao concelho de Mafra destacou, entre muitos outros, a organização revolucionária de sargentos, o comerciante Miguel de Medeiros, os cadetes da EPI que em 1936 se opuseram ao apoio aos franquistas, os apoiantes da transição democrática presos em 1948, Afonso Viveiros, José Filipe Teixeira, Cassiano Ferreira, Mário Luís Caracol, Sanches de Brito, Carlos Simões, e os muitos refugiados políticos que fugindo ao nazi fascismo se fixaram na Ericeira.
Talvez por se tratar dos 50 anos do 25 de abril, talvez porque o PSD — partido há muitas dezenas de anos a governar o concelho com maiorias absolutas — estar agora acossado eleitoralmente pelo Chega, vendo-se na necessidade de rodar da direita para o centro-esquerda político, talvez por Hélder Silva estar de saída para a Europa e necessitar do maior número de votos possíveis, ou talvez por tudo isto, o município de Mafra deu ontem uma estrondosa cambalhota política, associando-se à URAP, erigindo e pagando o memorial, apoiando e patrocinando também um livro editado pela URAP, sobre a luta antifascista no concelho.
O Memorial comemorativo do 25 de abril ora inaugurado é feito de muros que não confinam um espaço delimitado, esboça uma janela com grades já fenestradas, de onde emerge, no topo de um longo caule, o símbolo do 25 de abril, o cravo vermelho.
O Memorial alusivo ao 25 de abril foi executada pelo escultor mafrense, José Eduardo Costa e custou 48.500,00 €.
Faz falta um 25 de Abril em Mafra, Dr Hélder faz um bom exemplo do mau que foi ter uma arrogância de anos no municipio , não votem nas europeias na lista desse senhor pois nao merece